A vida é um contínuo risco, viver é se expor.
A abstinência do ermitão se resolve no delírio
solitário; a fuga dos amantes, em morte cruel.
Outras paixões podem nos seduzir e arrebatar.
Umas superiores, como o amor a Deus, ao saber
e a uma causa; outras inferiores, como o amor ao
dinheiro ou ao poder. Em nenhum desses casos
desaparece o risco inerente à vida: o místico pode
descobrir que corria atrás de uma quimera, o saber
não nos defende contra a decepção do conhecimento,
o poder não salva da traição. A glória é um emblema
equivocado e o esquecimento é mais forte do que
todas as reputações. E as desgraças do amor são as
desgraças da vida. Mas apesar de todos os males e
desgraças, sempre buscamos querer e ser queridos.
Porque o amor é o mais próximo, nesta terra, à
beatitude dos bem-aventurados.
(OTAVIO PAZ)
EVELYN DE MORGAN
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
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