EVELYN DE MORGAN

EVELYN DE MORGAN

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

OTÁVIO PAZ

A vida é um contínuo risco, viver é se expor.

A abstinência do ermitão se resolve no delírio

solitário; a fuga dos amantes, em morte cruel.

Outras paixões podem nos seduzir e arrebatar.

Umas superiores, como o amor a Deus, ao saber

e a uma causa; outras inferiores, como o amor ao

dinheiro ou ao poder. Em nenhum desses casos

desaparece o risco inerente à vida: o místico pode

descobrir que corria atrás de uma quimera, o saber

não nos defende contra a decepção do conhecimento,

o poder não salva da traição. A glória é um emblema

equivocado e o esquecimento é mais forte do que

todas as reputações. E as desgraças do amor são as

desgraças da vida. Mas apesar de todos os males e

desgraças, sempre buscamos querer e ser queridos.

Porque o amor é o mais próximo, nesta terra, à

beatitude dos bem-aventurados.



(OTAVIO PAZ)

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