Escolho meus amigos não pela pele ou outro
arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade
inquietante. A mim não interessam os bons de
espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e
aguentem o que há de pior em mim. Para isso,
só sendo louco. Quero-os santos, para que não
duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela
alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo,
quero também sua maior alegria. Amigo que não ri
junto não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim:metade bobeira ,
metade seriedade. Não queor risos previsíveis
nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles
que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem,
mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os
metade infância e outra metade velhice. Crianças,
para que não esqueçam o valor do vento no rosto e
velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios,
crianças e velhos, nunca me esquecerei de que
normalidade é uma ilusão imbecil e estéril.
(OSCAR WILDE)
EVELYN DE MORGAN
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
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