Combatemos nossa superficialidade, nossa falta de profundidade, de modo a tentarmos nos aproximar dos outros livres de expectativas irreais, sem uma sobrecarga de preconceitos, esperanças, arrogâncias, da fora menos parecida com o avanço de um tanque, sem canhão, sem metralhadoras e sem chapas de aço de quinze centímetros de espessura; a gente se aproxima das pessoas da forma menos ameaçadora, de pés descalços, em vez de vir rasgando o capim com as esteiras do trator, recebe o que elas dizem com a mente aberta, como iguais, de homem para homem, dizíamos antigamente, e mesmo assim a gente sempre acaba entendendo mal as pessoas. A gente também pode possuir o cérebro de um tanque. Já estamos entendendo errado as pessoas antes mesmo de encontrá-las, enquanto ainda estamos prevendo o que vai acontecer; entendemos errado enquanto estamos diante delas; e depois vamos para casa e contamos a alguém sobre o encontro, e de novo entendemos tudo errado.
Uma vez que a mesma coisa acontece com os outros em relação a nós, tudo vira uma ilusão desnorteante, destituída de qualquer percepção, uma espantosa farsa de incompreensões. E com tudo isso, o que é que vamos fazer a respeito dessa questão profundamente significativa que são as outras pessoas, que se vêem drenadas de toda a significação que julgamos ser a delase adquirem, em vez disso, um significado burlesco, o que vamos fazer se estamos tão mal equipados para distinguir os movimentos interiores e os propósitos invisíveis uns dos outros ? Será que todo mundo devia trancar a porta de casa e ficar quieto, isolado, como fazem os escritores solitários, em uma cela a prova de som. Invocando as pessoas por meio de palavras e depois sugerindo que essas pessoas feitas de palavras estão mais próximas das coisas reais do que as pessoas reais que deturpamos todos os dias com a nossa ignorância ? Persiste o fato de que entender direito as pessoas não é uma coisa própria da vida, nem um pouco, viver é entender as pessoas.
Viver é entender as pessoas errado, entendê-las errado, errado e errado, para depois reconsiderando tudo cuidadosamente, entender mais uma vez as pessoas errado. É assim que sabemos que estamos vivos: estando errados. Talvez a melhor coisa fosse esquecer se estamos certos ou errados a respeito das pessoas e simplesmente ir vivendo do jeito que der. Mas se você é capaz de fazer isso... bem, boa sorte.
( Philiph Roth - do livro Pastoral Americana )
EVELYN DE MORGAN
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
RAINER MARIA RILKE
Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever;
examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos
de sua alma;
confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever?
Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranqüila de sua noite:
"Sou mesmo forçado a escrever?" Escave dentro de si uma resposta profunda.
Se for afirmativa, se puder contestar àquela pergunta
severa por um forte e simples "sou",
então construa a sua vida de acordo com esta necessidade.
Sua vida, até em sua hora mais
indiferente e anódina, deverá tornar-se o sinal e o testemunho
de tal pressão.
Aproxime-se então da natureza. Depois procure, como se fosse
o primeiro homem,
a dizer o que vê, vive, ama e perde. (...)
RAINER MARIA RILKE
examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos
de sua alma;
confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever?
Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranqüila de sua noite:
"Sou mesmo forçado a escrever?" Escave dentro de si uma resposta profunda.
Se for afirmativa, se puder contestar àquela pergunta
severa por um forte e simples "sou",
então construa a sua vida de acordo com esta necessidade.
Sua vida, até em sua hora mais
indiferente e anódina, deverá tornar-se o sinal e o testemunho
de tal pressão.
Aproxime-se então da natureza. Depois procure, como se fosse
o primeiro homem,
a dizer o que vê, vive, ama e perde. (...)
RAINER MARIA RILKE
OSCAR WILDE
Encontro, algures na minha natureza, alguma coisa que me diz
que não há nada no mundo que seja desprovido de sentido,
e muito menos o sofrimento. Essa qualquer coisa, escondida no
mais fundo de mim, como um tesouro num campo, é a humildade.
É a última coisa que me resta, e a melhor (...).
Ela veio-me de dentro de mim mesmo e sei que veio no bom momento.
Não teria podido vir mais cedo nem mais tarde.
Se alguém me tivesse falado dela, tê-la-ia rejeitado.
Se ma tivessem oferecido, tê-la-ia rejeitado (...).
É a única coisa que contém os elementos da vida, de uma vida nova (...).
Entre todas as coisas ela é a mais estranha (...).
É somente quando perdemos todas as coisas
que sabemos que a possuímos.
(Oscar Wilde)
que não há nada no mundo que seja desprovido de sentido,
e muito menos o sofrimento. Essa qualquer coisa, escondida no
mais fundo de mim, como um tesouro num campo, é a humildade.
É a última coisa que me resta, e a melhor (...).
Ela veio-me de dentro de mim mesmo e sei que veio no bom momento.
Não teria podido vir mais cedo nem mais tarde.
Se alguém me tivesse falado dela, tê-la-ia rejeitado.
Se ma tivessem oferecido, tê-la-ia rejeitado (...).
É a única coisa que contém os elementos da vida, de uma vida nova (...).
Entre todas as coisas ela é a mais estranha (...).
É somente quando perdemos todas as coisas
que sabemos que a possuímos.
(Oscar Wilde)
J. D. SALINGER
Descobrirás que não és a primeira pessoa a quem
o comportamento humano alguma vez perturbou,
assustou ou mesmo enojou. Não estás de modo
nenhum sózinho nesse ponto, e isto deve servir-te
de estímulo e consolo. Muitos homens se sentiram
tão perturbados como tu estás agora. Felizmente,
alguns deles, serviram-se de seu talento para
deixarem memórias dessa decepção.
Hás-de aprender
com eles... se quiseres aprender. Tal como um dia, se
tiveres alguma coisa para dar, alguém há-de aprender
contigo. É um belo tratado de reciprocidade.
(J.D.SALINGER)
o comportamento humano alguma vez perturbou,
assustou ou mesmo enojou. Não estás de modo
nenhum sózinho nesse ponto, e isto deve servir-te
de estímulo e consolo. Muitos homens se sentiram
tão perturbados como tu estás agora. Felizmente,
alguns deles, serviram-se de seu talento para
deixarem memórias dessa decepção.
Hás-de aprender
com eles... se quiseres aprender. Tal como um dia, se
tiveres alguma coisa para dar, alguém há-de aprender
contigo. É um belo tratado de reciprocidade.
(J.D.SALINGER)
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